Olá! Trago, aqui, uma recomendação de obra. Vale a pena lê-la pela veracidade com que são realizados os relatos dos acontecimentos, unida a maestria deste que é um dos maiores autores latino-americanos contemporâneos. A seguir, trago uma resenha do livro; logo em seguida, um texto de Ruben George Oliven, publicado no Blog "Mundolivro", na sessão "O Que você está lendo?", seguido de uma entrevista com o autor "Mario Vargas Llosa.
Na obra “O Sonho do Celta”, o escritor peruano retrata a existência do irlandês Roger Casement, uma figura densa e fascinante, um combatente quixotesco em busca da liberdade, seja na África ou na América do Sul, regiões nas quais ele se volta contra os desmandos dos colonizadores, ou no seu próprio país.
No estilo das narrativas históricas, gênero no qual o autor se destaca, o leitor testemunha a trajetória deste irlandês que representa o Império Britânico no Congo submetido aos belgas. Aí ele denuncia, em pleno século XX, a violência imposta por Leopoldo II. Nesta época, Casement tornou-se amigo do escritor Joseph Conrad, conduzindo-o na célebre excursão pelo Rio Congo, a qual inspiraria seu livro “O Coração das Trevas”.
Aventureiro inveterado e convicto defensor dos direitos do Homem, ele sempre visou, acima de qualquer outro valor, a importância de ser livre. E para concretizar esta liberdade ele passou a defender, contra seu próprio governo, os nacionalistas irlandeses. Esta escolha o levou a ser preso e condenado como traidor em 1916.
Cativo em uma penitenciária de alta segurança na capital inglesa, ele esperou pacientemente por seu julgamento. Ironicamente Casement fora homenageado, cinco anos antes, com o título de Cavalheiro. No momento presente, porém, ele está aprisionado em uma cela à espera de sua sentença, esquecido por praticamente todos os amigos, condenado por seu povo, ameaçado pela sombra da pena de morte.
A narrativa se passa em dois períodos temporais. O primeiro aborda o fim da vida de Casement, no cárcere à espera da morte. O outro enfoca sua trajetória existencial, suas lutas contra a tirania no continente africano e na América do Sul, onde testemunha a extração da borracha na Amazônia, e logo em seguida sua participação na luta pela independência irlandesa.
Llosa retrata com perfeição o destemor de Casement e a forma como ele vence com determinação os desafios que se colocam em seu caminho. O autor se vale desta história para expor como os peruanos enfrentaram uma realidade semelhante à do Congo com o regime de obtenção da borracha. Este contexto econômico permitia a ocorrência de práticas ilícitas que permaneciam impunes. O protagonista enfrentava essas circunstâncias terríveis registrando o que testemunhava; era sua forma de denunciar o que via.
Este personagem se distingue dos que integram a galeria criada por Llosa pelo seu ideário nacionalista, algo que o autor sempre repudiou, embora admita que em alguns momentos este ideal possa abrigar aspirações libertárias. No caso, por exemplo, de povos subjugados pelo regime colonialista, o nacionalismo traz em si uma conotação positiva.
Mario Vargas Llosa é um autor renomado em todo o Planeta. Ele é jornalista, dramaturgo, ensaísta e crítico de literatura. O escritor nasceu em Arequipa, no Peru, no ano de 1936. Sua consagração literária teve início com o livro “A Cidade e os Cães”, de 1961, amplamente premiado. Na década de 60 ele se fixou em Paris e nesta época deu aulas em várias instituições americanas e europeias.
Em seu currículo constam várias obras dramatúrgicas, ensaios e memórias, mas seu gênero privilegiado é o romance; nesta categoria destacam-se, entre outras, “Conversa na Catedral”, “Pantaleão e as Visitadoras”, “Tia Júlia e o Escrevinhador”, “A Guerra do Fim do Mundo”, “Quem Matou Palomino Molero?” e “Cartas a um Jovem Escritor”.
Se você quiser acessar a entrevista a Mario Vargas Llosa, publicada no site da Veja, acesse aqui.
Caso queira ler a recomendação feita pelo antropólogo Ruben Oliven, clique aqui.
Espero que gostem! Desejo a todos uma boa leitura!!!
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